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Um soldado negro brasileiro, desertor do exército imperial, e uma menina guarani, cruzam o interior devastado do Paraguai rumo a Assunção. Ela, busca redenção; ela, esperança.

Esse é o pano de fundo do romance Menina / Mitacuña, lançado pelo jornalista e escritor Paulo Stucchi.

O projeto, que nasceu como uma tese não-concluída de mestrado, é resultado de anos de pesquisa sobre a Guerra do Paraguai (ou Guerra da Tríplice Aliança). Nele, Stucchi tece fatos históricos e fictícios para construir a narrativa que conta a história de Negro João, um escravo enviado ao Paraguai, e María, uma menina paraguaia que fala unicamente guarani.

Unidos pela tragédia e pelo destino, ambos fogem pelo interior do país rumo a Assunção, enquanto são perseguidos por um grupo de soldados batedores sedentos de vingança.

 

História

 

A Guerra do Paraguai é um dos episódios mais sangrentos da história da América do Sul, e uniu Brasil, Argentina e Uruguai contra o vizinho Paraguai de Solano López.

O conflito, que praticamente dizimou  a população masculina ativa paraguaia, até hoje é alvo de estudos e controversas. O autor viajou para o interior do Paraguai e conversou com historiadores nativos, além de usar como fonte de pesquisa livros paraguaios e argentinos.

“Em linhas gerais, a visão que cada país tem da guerra é diferente”, explica Stucchi. “Ainda hoje, há diferentes correntes que defendem pontos de vista diversos sobre a guerra, como, por exemplo, o papel da Inglaterra como financiadora da guerra e se Solano López era, ou não, um vilão de fato.”

Outros pontos históricos tratados no livro envolvem cenários de guerra, como a Batalha de Acosta Ñu (ou Campo Acosta), na qual 3.500 crianças paraguaias travestidas de soldados adultos foram massacradas pelas tropas lideradas pelo Conde d’Eu. Até hoje, a data (16 de agosto) é lembrada como Dia das Crianças no Paraguai.

“É notória a mágoa que os paraguaios nutrem contra figuras como o conde d’Eu, por exemplo”, diz Stucchi, que, no livro, retrata o nobre francês que liderou as tropas aliadas na fase final da guerra como vilão.

“Foi uma licença artística, na verdade. Não há fatos concretos de que o conde d’Eu tenha sido um psicopata, como a história paraguaia às vezes pinta. Na verdade, ele era europeu, a historicamente as guerras na Europa eram sangrantas.”

Entre os episódios atribuídos ao conde na Guerra está a tomada de Piribebuy (3ª capital provisória paraguaia na época da guerra) e a execução do general paraguaio Pablo Caballero. Além disso, é conhecido o massacre de feridos e idosos ordenado pelo conde – ele teria mandado lacrar um hospital e atear fogo, matando a todos queimados ou sufocados pela fumaça.

 

Espanhol

 

O livro também foi lançado no Paraguai e está disponível para leitura, em espanhol, com o título de Niña / Mitacuña. Inicialmente, os pontos de venda incluem das livrarias El Lector e ServiLibros (Assunção) e a livraria El Lector do shopping Pinedo em San Lorenzo.